"A ponte de Thor" foi o primeiro texto de um autor estrangeiro que publiquei neste blog, justamente pela importância que ele guarda para o entendimento de minha noveleta steampunk. Entre os estudiosos da obra de Doyle, aquele conto tem grande importância já pela abertura, que deixa claro que o narrador das histórias do detetive, o caro Watson, não narrava todas as aventuras que vivera com seu colega de Baker St.
Em algum ponto das abóbadas do banco de Cox & Cia., na Charing Cross, há uma caixa de estanho com vários documentos. Essa caixa, bastante estragada pelas viagens e pelo uso, tem o meu nome pintado na tampa. "Dr. John H. Watson, do Antigo Exército Indiano". Os inúmeros papéis de que está atulhada são quase todos relatórios de casos ou problemas curiosos, nos quais, em várias ocasiões, o Sr. Sherlock Holmes andou envolvido. Alguns, e por sinal não os menos interessantes, foram autênticos fracassos, e como tal quase não merecem ser narrados, uma vez que não oferecem nenhuma explicação final. Um problema sem solução pode interessar ao estudioso, mas dificilmente deixará de aborrecer o leitor casual. (...) A história que se segue é extraída da minha própria experiência.
Este gancho foi aproveitado por muitos escritores que revisitaram mais tarde, principalmente depois de a obra ter caído em domínio público, a carreira de Mr. Holmes e de seu ajudante. Num post complementar ao conto, lembrei de um desses casos:
Vale lembrar ainda, que esta aventura canônica de Sherlock Holmes tem uma ressonância muito grande com um outro conto do personagem, não-oficial, que foi publicado no Brasil pela versão nacional da Isaac Asimov Magazine (a edição número 18, para ser exato). Originalmente impresso na revista Analog de janeiro de 1990, "O caso do ácido carbônico" (ou "The carbon papers"), foi escrito pelo inglês John Gribbin, e na solução daquela aventura, o detetive mais famoso do mundo utilizou um método dedutivo bastante semelhante ao empregado no caso abaixo, no qual ele investiga a morte de uma cidadã brasileira, Maria Pinto, nascida em Manaus e casada com um multimilionário americano, J. Neil Gibson.
E é exatamente pela presença desta personagem brasileira que o conto me chamou a atenção e que fiz questão de usá-lo na composição de "Cidade Phantástica". Novamente para me manter dentro do especial deste mês, destaco aqui a parte visual da história, uma vez que "The Problem of Thor Bridge" foi originalmente publicado na Strand Magazine, no início de 1922, com sete ilustrações assinadas por Alfred Gilbert, artista que já havia contribuido com Conan Doyle na mesma revista em pelo menos outros dois contos "His Last Bow", de setembro de 1917, e "The Adventure of the Mazarin Stone".
Sem mais delongas, vemos aqui ao lado a versão de Alfred Gilbert para esta brasileira que, apesar de já estar morta no início da história, se revela uma das mais fascinantes personagens femininas que já cruzaram o caminho de Sherlock Holmes.
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