por Rafael "Lupo" Monteiro
- Alô?
- Vocês têm cinco minutos para esvaziar o escritório, pois uma bomba vai explodir no prédio.
- Quatro minutos e cinqüenta segundos agora!
Rodolfo então largou o telefone fora do gancho e gritou:
- Galera, vamos embora que uma bomba vai explodir!
Seguiu-se então um pandemônio. A correria foi geral, e como os elevadores estavam todos desligados, as escadas lotaram. A locomoção no prédio, de quinze andares, ficou impraticável. Em meio à gritaria, Rodolfo decidiu sair pelo lado de fora. Com uma cadeira arrebentou o vidro da janela. Segurando-se pelas bordas, pulou para a janela do andar de baixo. Quase escorregou, o que lhe fez repensar sua estratégia.
Notou então que a janela do quarto andar estava aberta. Entrou no escritório, que aparentemente estava abandonado: não havia mesas ou cadeiras, apenas um armário aberto junto à parede esquerda. Dentro do armário, estava a bomba.
Desesperado, correu para a porta, mas estava trancada. Sem saber o que fazer, pegou o celular. Pensou em ligar para sua mãe e se despedir. No entanto, antes que pudesse discar os números, o aparelho começou a tocar.
- Alô?
- Olá, Rodolfo. Desculpe-nos por colocá-lo nesta situação.
- Quem está falando?
- Pode nos chamar de TC.
- O que quer de mim?
- Temos uma proposta de emprego.
- Estou pra ser explodido aqui, meu amigo. Que raios de emprego vou querer agora?
- Sabemos como desligar a bomba. Pode considerar um adiantamento de salário.
- Então me ajudem logo, caramba! Em um minuto o prédio vai pro espaço.
- É simples. Tá vendo um fio amarelo no canto esquerdo do contador?
- Sim!
- Desconecte-o do aparelho.
Rodolfo assim procedeu. O timer do relógio parou, faltavam 23 segundos.
- E agora?
- Agora procure o fio vermelho. Corte-o e a bomba estará desarmada.
Como não tinha tesoura, teve que cortar o fio com a boca.
- Agora você é um herói. Procure embaixo da bomba um pedaço de papel.
Rodolfo, com muito cuidado, levantou a bomba. Achou então o papel dobrado. Foi desdobrando, até ficar do tamanho de seus braços abertos. Nele, estava escrito “Fora homem branco de nossas terras”.
- Que diabos de mensagem é essa?
- É o que você, herói do dia, irá divulgar para todos. Garantimos sua presença em todas as tvs, em rede nacional, e até algumas internacionais. Só não se esqueça de mencionar “ameaça à soberania nacional”!
- Por que eu faria isso?
- R$ 500.000,00 anuais mais benefícios.
- E se eu recusar?
- Sabemos quem é e onde mora.
- Então não me resta muita opção...
- Sempre há opção!
- Bem, digamos que eu aceite. E aí?
- Você sabe desenhar mapas da Amazônia?
- Sei, claro.
- Então já teremos uma nova missão pra você!
8 comentários:
Rápido, rasteiro, eficiente e bem legal. E temos que combater essa ameaça a soberania nacional! :D
Valeu, Alexandre! :-)
Opa, valeu o comentário, Alexandre (tenho que ler o segundo capítulo de o Sistema Corso).
E de novo obrigado ao Lupo pelo conto e por ter capturado tão bem o espírito do TC.
Adorei, Lupo! Bem acelerado, muito expressivo. E maldita soberania nacional! Vamos salvar a Amazônia juntos? Eu, vc, a Intempol e os TC.
Parabéns!
Os TC só salvam o bolso deles...
quando a ironia escapar aos olhos dos mais irônicos...
Ludimila, eu topo salvar a Amazônia, mas depende do que eu vou ganhar com isso! :-)
(já me candidatando a membro do TC...)
Ludi e a teoria da metaironia :P
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