8.8.08
A menina e o palhaço
Uma paranóia de infância por Clinton Davisson
Apesar do medo, a menina largou a mão do pai. Foi procurar a bola que havia caído de sua mão. O circo estava transbordando de gente. A noite se fazia sentir fria e escura. O vento vinha com cheiro de poeira de cascalho.
Com cinco anos, ela era medrosa. Mas o pai lhe disse em casa, antes de sair, que não compraria outra bola se ela a perdesse de novo. Mesmo assim, ela insistiu em levar a bendita bola de plástico. Nunca mais o pai tornaria a vê-la.
Por isso ela correu atrás da bola de plástico, que quicou e entrou numa porta aberta. Era a porta de um barraco de madeira velho. Lá dentro, tudo era escuro. Uma escuridão sufocante, claustrofóbica. Ela sentiu a barriga congelar de medo. Sentiu náuseas, mas seu pai disse que não compraria outra bola.
Ela chegou na porta, mas tudo continuou escuro lá dentro. O cheiro de mofo era forte. Lentamente seus olhos foram se adaptando à escuridão. Das diversas formas escuras que podia discernir no chão do barraco, uma era arredondada. Deu um passo para dentro daquela escuridão e imaginou que monstros podiam habitar naquele ambiente mofado. Deu dois passos e procurou um interruptor de luz, mas não achou. Imaginou que alguma coisa poderia segurar sua perna, algo que teria a mão peluda e molhada. Seu coração acelerou. Sentiu vontade de correr para fora do barraco, mas seu pai não compraria outra bola. Ele que nem sentira sua falta!
Deu o terceiro passo para frente. A escuridão pareceu engoli-la. Imaginou novamente uma coisa saltando sobre ela. Algo que teria um hálito de repolho podre e dentes afiados. Mesmo assim deu o quarto passo. Desta vez pode ver bem a bola. Abaixou-se para pegá-la. Sentiu a poeira do chão lhe sujando as mãos. Levantou-se e caminhou apressadamente para a porta. Seu medo foi aumentando, o coração disparou. A coisa agora poderia puxá-la para dentro da escuridão, fazer coisas com ela que seriam mais horríveis do que qualquer imaginação, qualquer pesadêlo.
A menina fechou os olhos e correu. Sentiu os ouvidos zumbirem, a respiração ofegante. Um suspiro em sua nuca, uma eletricidade em seus cabelos. Quase podia sentir a presença da coisa!
Quando abriu os olhos, estava do lado de fora do barraco. A bola em sua mão. Novamente o vento soprava em seu rosto. Finalmente suspirou aliviada.
– Como vai?
Ela olhou para o lado e viu uma coisa estranha, porém engraçada: um palhaço olhava para ela de uma pequena janela, de um outro barraco. Ele estava com a cabeça e um braço para fora da janela.
– Quem é você? – perguntou a menina.
– Me dê a mão, eu estou preso aqui! – disse o palhaço sorrindo.
A menina também sorriu. O palhaço tinha cabelos vermelhos, a cara grande e branca. A boca era vermelha e enorme.
– Como você ficou preso? – perguntou a menina.
–Uns homens maus me prenderam aqui, me dá a mão!
A menina começou a estender o braço, mas parou. Olhou para os lados. Não havia ninguém por perto. Todos deviam estar dentro da lona vendo o espetáculo. Onde estava seu pai?
– Eu tenho medo! – protestou.
– Por favor! Os homens maus me colocaram aqui. Se me tirar daqui, eu faço você rir. Você vai ser feliz para sempre!
A menina hesitou, mas estendeu de novo o braço e segurou a mão do palhaço. Ele segurou a mão dela e puxou para dentro do barraco.
A menina gritou, mas ninguém escutou.
O rosto do palhaço se transformou numa coisa muito mais feia do que todas as coisas que a menina imaginava. Os dentes cresceram e saltaram para fora da boca. A menina gritou ainda mais quando os dentes se encravaram em sua barriga!
– Você vai sorrir para sempre! – gargalhava o palhaço – Todos aqui sorriem!
Ouviu-se um som perturbador! Algo como um braço sendo arrancado do corpo, músculos sendo arrancados dos ossos e os gritos cessaram. Dentro do barraco, só se escutavam sons de mastigação. No dia seguinte, a polícia ainda encontrou a bola, mas o pai nunca mais viu a menina.
Este conto teve uma influência absurda de Stephen King e foi escrito após uma visita de Clinton Davisson ao circo com sua filha quando ela tinha sete anos.
Apesar do medo, a menina largou a mão do pai. Foi procurar a bola que havia caído de sua mão. O circo estava transbordando de gente. A noite se fazia sentir fria e escura. O vento vinha com cheiro de poeira de cascalho.
Com cinco anos, ela era medrosa. Mas o pai lhe disse em casa, antes de sair, que não compraria outra bola se ela a perdesse de novo. Mesmo assim, ela insistiu em levar a bendita bola de plástico. Nunca mais o pai tornaria a vê-la.
Por isso ela correu atrás da bola de plástico, que quicou e entrou numa porta aberta. Era a porta de um barraco de madeira velho. Lá dentro, tudo era escuro. Uma escuridão sufocante, claustrofóbica. Ela sentiu a barriga congelar de medo. Sentiu náuseas, mas seu pai disse que não compraria outra bola.
Ela chegou na porta, mas tudo continuou escuro lá dentro. O cheiro de mofo era forte. Lentamente seus olhos foram se adaptando à escuridão. Das diversas formas escuras que podia discernir no chão do barraco, uma era arredondada. Deu um passo para dentro daquela escuridão e imaginou que monstros podiam habitar naquele ambiente mofado. Deu dois passos e procurou um interruptor de luz, mas não achou. Imaginou que alguma coisa poderia segurar sua perna, algo que teria a mão peluda e molhada. Seu coração acelerou. Sentiu vontade de correr para fora do barraco, mas seu pai não compraria outra bola. Ele que nem sentira sua falta!
Deu o terceiro passo para frente. A escuridão pareceu engoli-la. Imaginou novamente uma coisa saltando sobre ela. Algo que teria um hálito de repolho podre e dentes afiados. Mesmo assim deu o quarto passo. Desta vez pode ver bem a bola. Abaixou-se para pegá-la. Sentiu a poeira do chão lhe sujando as mãos. Levantou-se e caminhou apressadamente para a porta. Seu medo foi aumentando, o coração disparou. A coisa agora poderia puxá-la para dentro da escuridão, fazer coisas com ela que seriam mais horríveis do que qualquer imaginação, qualquer pesadêlo.
A menina fechou os olhos e correu. Sentiu os ouvidos zumbirem, a respiração ofegante. Um suspiro em sua nuca, uma eletricidade em seus cabelos. Quase podia sentir a presença da coisa!
Quando abriu os olhos, estava do lado de fora do barraco. A bola em sua mão. Novamente o vento soprava em seu rosto. Finalmente suspirou aliviada.
– Como vai?
Ela olhou para o lado e viu uma coisa estranha, porém engraçada: um palhaço olhava para ela de uma pequena janela, de um outro barraco. Ele estava com a cabeça e um braço para fora da janela.
– Quem é você? – perguntou a menina.
– Me dê a mão, eu estou preso aqui! – disse o palhaço sorrindo.
A menina também sorriu. O palhaço tinha cabelos vermelhos, a cara grande e branca. A boca era vermelha e enorme.
– Como você ficou preso? – perguntou a menina.
–Uns homens maus me prenderam aqui, me dá a mão!
A menina começou a estender o braço, mas parou. Olhou para os lados. Não havia ninguém por perto. Todos deviam estar dentro da lona vendo o espetáculo. Onde estava seu pai?
– Eu tenho medo! – protestou.
– Por favor! Os homens maus me colocaram aqui. Se me tirar daqui, eu faço você rir. Você vai ser feliz para sempre!
A menina hesitou, mas estendeu de novo o braço e segurou a mão do palhaço. Ele segurou a mão dela e puxou para dentro do barraco.
A menina gritou, mas ninguém escutou.
O rosto do palhaço se transformou numa coisa muito mais feia do que todas as coisas que a menina imaginava. Os dentes cresceram e saltaram para fora da boca. A menina gritou ainda mais quando os dentes se encravaram em sua barriga!
– Você vai sorrir para sempre! – gargalhava o palhaço – Todos aqui sorriem!
Ouviu-se um som perturbador! Algo como um braço sendo arrancado do corpo, músculos sendo arrancados dos ossos e os gritos cessaram. Dentro do barraco, só se escutavam sons de mastigação. No dia seguinte, a polícia ainda encontrou a bola, mas o pai nunca mais viu a menina.
Este conto teve uma influência absurda de Stephen King e foi escrito após uma visita de Clinton Davisson ao circo com sua filha quando ela tinha sete anos.
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2 comentários:
Hehehehe. Why so Serious? :-)
Hehe, put a smile in ur face, lil girl.
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