2.11.08

A GRUTA de VÊNUS

Um exemplar sado-erótico escrito e ilustrado por Maria Helena Bandeira

As rubras paredes esponjosas pulsavam em espasmos fazendo balançar o líquido e o barco.

Senti tonteira outra vez - a mesma vertigem que experimentei ao entrar no buraco escuro da Vagina, entre as duas coxas imensas, sob a floresta de pelos encaracolados.

Por toda parte o cheiro almiscarado das fêmeas terrestres.

A menina ao meu lado na embarcação percebeu minha expressão aturdida e sorriu. Profissionalmente.
Mas havia uma ligeira ironia escondida em algum lugar. Corpo esguio, seios altos, olhos apertados de um negro profundo. Veste transparente e molhada colada às coxas fortes e ao vértice entre elas.

Minha boca estava seca, uma excitação como nunca sentira em nenhum planeta anterior. Desajeitadamente,circundei sua cintura tentando não machucá-la. Ela riu, me apertou forte. Com o braço livre remou em direção a uma saliência, onde o barco se encaixou, rodopiando. Agilmente, pulou sobre a carne, deitou-se na sua maciez vermelha e me puxou.

O cheiro de fêmea do ambiente me enlouquecia, comecei a nadar sobre ela batendo os braços, como um peixe alucinado. Habilmente, abriu meu macacão, procurando o pênis rígido com a boca. Eu olhava sua nuca macia, nunca sentira coisa igual, tinha medo de acabar antes de conseguir a sensação jamais imaginada de penetrar em um corpo de mulher com meu membro gerado para o trabalho. Havia ainda o proibido, a sensação de estar fazendo algo que era inacessível aos meus iguais.

Lembrei as regras rígidas do bordel carnal e me senti grato à linda terrestre que me ajudara a quebrá-las e a conhecer este ambiente inesquecível..

Ela manipulava meu pênis com competência até que, desesperado, empurrei sua cabeça, joguei o corpo leve no chão pegajoso, abri suas pernas com força e comecei a empurrar meu membro entre elas. A jovem prostituta se debateu, gritou, me advertiu, pediu socorro, mas isto só serviu para me excitar ainda mais - enlouquecido, empurrei e empurrei, penetrando a carne macia até que ela ficou silenciosa e eu gozei – algo que nunca sonhara acontecer comigo...

No mesmo instante luzes violentas invadiram o bordel, sirenes, um cheiro adocicado.

Acordei no hospital do presídio. Médicos terrenos olhavam assustados meu corpo nu e sangrento. Queria perguntar pela minha jovem acompanhante, mas tinha medo de saber.

De qualquer maneira, não havia salvação para mim. Violara todas as leis da Convivência Estelar e da Companhia.

Invadira um bordel orgânico de Marte, acompanhado de uma puta terrestre. Tivera relações carnais com ela e a forçara a fazer sexo genital comigo.

Isto era terminantemente proibido aos Mecanos de pênis dentado, trabalhadores na área de montagem de objetos eróticos.

Ao longe, ouvia música e alucinava um odor de almíscar. Nunca mais esqueceria este cheiro. Ou a sensação macia da carne sendo penetrada.

Nem que eu vivesse os mil anos que a Companhia promete aos seus compradores.


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8 comentários:

Octavio Aragão disse...

Sensacional!

Parece uma inversão do conto A melhor divrersão da cidade, do Gérson Lodi!

Romeu Martins disse...

Não li o conto do nosso historiador alternativo oficial ainda, mas valeu o comentário, Octavio

Helena disse...

Tanques um lote, Octa. Um elogio seu é um presente sempre. Como eu posso ler o conto do Gérson?

beijão,

merrel

Octavio Aragão disse...

MHell e ROmeu, o conto do Gérson está na antologia Como Era Gostosa a Minha Alienígena, da Ano Luz.

Helena disse...

Eu tenho a antologia, mas li há muito tempo. Vou procurar o conto dele. Obrigada, Octa.

beijão,

merrel

Octavio Aragão disse...

De nada, MHell.

Tom Torres disse...

Que estrago, Mhel! Mas está uma delícia. Você é uma mestra nisso.
beijos

Anônimo disse...

Eu não tinha ainda feito um comentário porque fiquei sem palavras. Ainda estou. Nem vou tentar traduzir com elas todo impacto e toda a emoção que "A Gruta de Vênus" me ocasionou. São inenarráveis!!
- Como é que você consegue escrever um texto como este?
Mhel, querida, você é genial!
Nédier

Ibope