A busca pela magia perdida.
Por Rita Maria Felix da Silva
Por um tempo, os truques de salão, as técnicas de ilusionismo e os aplausos de um público que apreciava ser enganado serviram para animá-lo, mas, dez anos naquele ofício enfastiaram-lhe a alma. Ansiava por magia, como nos livros e desenhos animados, como nos quadrinhos e filmes: vibrante e miraculosa; impossível e explosiva.
Dedicou-se, então, a estudar Ocultismo. Naquelas páginas e segredos, nos rituais, cerimônias e tomos antigos, buscava reencontrar a magia, que já habitara o mundo em alguma época e, assim pensava, ele poderia trazê-la de volta.
Seu espírito, todavia, descobriu somente frustração e recorrentes dores de cabeça que os médicos não souberam explicar. Afundou-se em remédios e bebidas e começou a errar os truques na hora do espetáculo.
Até que uma vez foi pior que todas. Confundiu-se ridicularmente e a platéia gargalhou tanto que lhe feriu a honra e a alma. A dor de cabeça voltou mais forte que nunca e algo estourou lá dentro. Dizem que vacilou, tremeu, balbuciando como se procurasse uma palavra, e então gritou algo terrível e antigo, do tipo que não deveria mais ser ouvido neste planeta...
Mais tarde, quando a polícia chegou para investigar acontecimento tão bizarro, encontrou apenas estátuas de uma perfeição artística invejável, conforme afirmaram os jornais da época, sentadas onde deveria estar a platéia daquele teatro. No palco, aninhado entre as roupas que pertenceram ao mágico Genésio Rodopio, podia-se ver um sapo de pele azulada, do tamanho de um punho humano fechado, de cujos olhos, assim ainda contam, saltava a maior tristeza imaginável e que coaxava melancolicamente.
FIM
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