29.10.08
O caçador
O cotidiano em um mundo faminto por Tibor Moricz
Ajeitei a mira. Foquei o alvo e depois de um breve suspiro puxei o gatilho. A cabeça explodiu num emaranhado de massa encefálica, sangue, ossos e cabelos. O corpo cambaleou alguns metros até cair sobre o meio fio. Uma das pernas saltando em espasmos cada vez mais espaçados.
Levantei, pendurei o rifle sobre o ombro e observei a desolação antes de caminhar até o freguês. Ruas cobertas por destroços... prédios arruinados. Vasculhei os bolsos do morto. Quase nada. Moedas inúteis... Um canivete. Puxei os sapatos mas deixei as calças puídas e a camisa sem botões. Não carregava nada. Uma lástima.
Cocei a barriga, soltei um arroto e larguei o defunto para trás. Nada havia nele que pudesse me interessar, fora o canivete. Talvez o quarto traseiro, mas ainda pretendia ir mais além. Avançar, vasculhar lá na frente. Arrastei-o pelas pernas até sob uma laje inclinada. Lá estaria meio escondido. Voltaria mais tarde e faria os cortes necessários.
As caçadas eram mais vantajosas no passado. Havia mais gente perambulando em busca de alimento. Alvos fáceis. Nos últimos meses houve um declínio na população. Doenças por um lado, fome por outro.
Caminhei a esmo por algumas ruas. Atento a qualquer movimento. Sabia que era silenciosamente vigiado. Olhares atentos que me espreitavam das janelas. Gente acuada. Um tempo atrás ainda era possível roubar sem matar. Apontar a arma, ameaçar, humilhar o freguês e carregar o butim sem maiores problemas. A escassez levou as pessoas a resistir. Não entregar seus valiosos bens sem luta. Assim, puxar o gatilho sem fazer perguntas se tornara o melhor jeito para trabalhar.
Contornei um monturo de escombros e sentei num pedaço grande de pedra. Tirei do bolso um pedaço de carne seca. Mastiguei com calma engolindo cada naco sem tirar os olhos do perímetro. Busca constante de fregueses. Houve época em que abatê-los rendia bom sortimento de provisões, já que ninguém saía de casa sem elas. Não se arriscavam a abandoná-las, desprotegidas, à sanha de vizinhos mal intencionados. Hoje ninguém tem nada, a não ser pequenos rasgos de carne.
Peguei o canivete recém adquirido e testei o fio. Até que estava bom. Daria para despelar um cão com relativa facilidade, se eles ainda existissem. Tateei minha faca, presa na cintura e me levantei, esticando as pernas preguiçosamente. Em tempo de ver um vulto passar correndo alguns metros à frente, contornando obstáculos, se ocultando sob as sombras. Sorri sentindo a adrenalina jorrar. Empunhei o rifle e saí sorrateiro atrás do próximo freguês.
O sol estava inclemente. Nenhuma nuvem no céu. Dois urubus passaram em vôo ligeiro lá para os lados de onde atendera meu último. Esses também lutavam pela sobrevivência. Uns limpando a sujeira dos outros.
Corri ágil por entre os escombros, sentindo no ar o cheiro de suor. Suor que não era meu. Marcas recentes no chão mostraram a direção que o freguês tomara. Pés pequenos. Olhei para além.
Vislumbrei paredes e ruínas. O pó suspenso, sendo atirado para lá e para cá pela brisa. Apurei os sentidos, avancei cauteloso por alguns metros e finquei o dedo no gatilho. Quase um nada para fazer a arma disparar. Girei o corpo com leveza, saltei uma pilastra e enfiei as mãos num vão, agarrando cabelos.
Puxei com força, colando o cano do rifle na cara do freguês.
Ou da freguesa, melhor dizendo.
Olhar enraivecido. Não demonstrava nem um pouquinho de dor, embora a sustentasse pelos longos cabelos. Rosto sujo, roupas em farrapos. Pés no chão. Apertei o rifle entre seus lábios, forçando-a a abri-los. Ela o fez. Os dentes despontaram. Muitos escurecidos, alguns em bom estado. Quantos anos? Não mais que dez, ou onze. Mirrada e subnutrida. Renitente naquele olhar desafiador.
Soltei o rifle e levei a mão livre até seus peitinhos. Senti as leves protuberâncias sob o tecido gasto. Apalpei mais abaixo. Nádegas magricelas, mas que me deram pensamentos sórdidos. Soltei um risinho sacana e fui arrastando a menina pelos cabelos por longos quarteirões. Era uma freguesinha jovem. Dar-lhe um tiro na cara nada me acrescentaria. Mas era companhia, ora se! Sabia que ia ter que amarrar a danada num lugar qualquer. Talvez até amordaçar. Ah, ia tentar fugir e fazer um barulho daqueles... Eu não deixaria.
Os olhares me acompanharam. Os mesmo que espreitavam das janelas, dos prédios destruídos. Um par de sapatos com cadarços amarrados, pendurados num ombro. Um rifle pendurado no outro. Um canivete num bolso, uma boa faca na cintura e uma menininha que me fazia estremecer de desejo bem presa por entre os cabelos. Ela enfiava os dedos, como garras, em minhas mãos. Tentava me ferir, me fazer soltá-la.
Mas o máximo que conseguia era me deixar ainda mais excitado. As perninhas trotavam atrás de mim, tentando acompanhar o ritmo acelerado. Os olhos marejavam mas dos lábios não escapava nenhum som. Nenhum protesto.
Entrei na bocarra que se abria à minha frente. A guarita da garagem ainda mantinha um calendário que ostentava uma pin-up peituda, loira de olhos azuis. Carnes abundantes. Eu a deixara lá. Era uma espécie de mensagem de boas vindas para todas as vezes que retornava das caçadas, com butim ou sem. O prédio acima estava demolido. Nenhum andar de sobra. Quatorze andares jaziam esparramados numa área de muitos e muitos metros quadrados. Montes de entulho. Atravessei o portal formado por uma ampla placa metálica, verifiquei as armadilhas para ver se não tivera visitas enquanto estava fora e então joguei a menina com força contra uma parede. Ela bateu num choque surdo, soltou um gemido e desabou. Os cabelos desgrenhados. Alguns tufos ainda bem presos entre meus dedos.
Esfreguei as mãos me livrando dos cabelos e vasculhei minha mochila. Peguei um naco de carne e o joguei na direção da menina. Ela olhou a carne, lambeu, mordeu e foi mastigando, olhos bem fixos em mim.
Era raro encontrar meninas jovens assim e solitárias. Raríssimo. Difícil também ver adultos, principalmente durante o dia. Eles escolhiam a noite para perambular. Buscavam a escuridão. Grupos esparsos, as matilhas, existiam aqui e ali. Vagueavam pela urbe e fora dela, se alimentando do que podiam achar. Grupos até organizados. Eu era um caçador solitário, evitava grupos e aglomerações. O que caçava era meu e não precisava dividir com mais ninguém.
Me agachei diante dela e voltei a tocá-la. Ela não esboçou nenhuma reação. Corri os dedos pelas ancas estreitas. Acariciei as coxas magras. Tateei as costas que exibiam as costelas de maneira impudente.
Eu a queria. E naquele momento.
Arranquei os trapos que a cobriam. Ela recuou o que pôde, se espremendo contra a parede. Dois pequenos montículos se sobressaiam onde um dia ela (se continuasse viva) teria peitos. A vulva mostrava pequenos e sedosos pelinhos que iam cobrindo a região. Agarrei-a pelas pernas e a arrastei para o meio do esconderijo, sobre folhas de papelão. Virei-a para ver as nádegas. Brancas e exíguas. As espalmei. As apertei. Bati nelas. Avermelharam até parecer fogo.
Levantei e tirei as calças. Desprendi a faca e a coloquei de lado, ao alcance da mão. Virei a menina mais uma vez. Abri suas pernas com força, me colocando entre elas. A Agarrei pelos cabelos e a fiz olhar para meu pênis antes de penetrá-la.
— Você vai gostar, vaquinha. Pode crer que vai.
Deitei sobre aquele corpo miúdo. Me infiltrei para dentro dela, fazendo-a, pela primeira vez, soltar a voz. O grito foi agudo. As pernas começaram a chutar, os braços a sacudir, desferindo socos nas minhas costas. A boca, nervosa, tentava me morder o rosto. Num golpe seco completei a penetração. Ela urrou, arregalando os olhos. As pernas pararam de se mover e os braços tombaram, inertes. Ela passou a me observar sem emoção enquanto ia e vinha.
Maravilha das maravilhas. Uma pequena prostituta para me satisfazer os desejos. Um objeto de prazer à disposição dia e noite. Uma jovem freguesa. A mais tenra, a mais atraente, a mais sedutora, a mais gostosinha. Freguesa para muitos e muitos atendimentos.
—Minha freguesinha deliciosa – Sussurrei ao seu ouvido, enquanto me preparava para explodir.
Momentos de êxtase. O mundo era perfeito. Destruído, arrasado, despovoado. Vida animal quase extinta. E menininhas como aquelas, gazelinhas correndo por entre escombros, exibindo graciosidade à sanha de caçadores implacáveis. Doze, onze, dez anos. Tanto faz. Carne é carne. Prazer é prazer.
Dei uma estocada final. Profunda. Ergui o olhar para o teto, respirei fundo e gemi, enquanto uma faca era enterrada nas minhas costas. Abaixei o rosto. Ela estava lá: sorrindo. Ambas as mãos apoiadas em meu peito, me empurrando. As pernas flexionadas, joelhos colados em meus quadris. Eu ainda túrgido dentro dela. Com um movimento me fez tombar de lado, arrastando-a comigo. Se Livrou de meu aperto, desvencilhou a jovem vulva de meu pênis e se ergueu lentamente. Ao lado surgiram várias outras crianças. Um deles com meu rifle nas mãos. Outro com a minha própria faca, ensangüentada. Outro com o canivete. Outra arrastava minha mochila para fora do esconderijo. Outros vasculhavam o lugar atrás de aproveitáveis. Um grupo considerável olhava para mim e os olhares não escondiam desejos.
Tossi, lambi os lábios e sorri para a putinha que estava ao lado. Corpinho magro e que estivera sob o meu há tão pouco.
— A freguesia vai querer o quê? – perguntei num suspiro, soltando uma golfada de sangue. A resposta veio num instante: um tiro à queima-roupa. Meu crânio explodindo em milhares de fragmentos ensangüentados. Lançaram-se sobre mim. Unhas e dentes buscando pedaços para matar a fome.
Ajeitei a mira. Foquei o alvo e depois de um breve suspiro puxei o gatilho. A cabeça explodiu num emaranhado de massa encefálica, sangue, ossos e cabelos. O corpo cambaleou alguns metros até cair sobre o meio fio. Uma das pernas saltando em espasmos cada vez mais espaçados.
Levantei, pendurei o rifle sobre o ombro e observei a desolação antes de caminhar até o freguês. Ruas cobertas por destroços... prédios arruinados. Vasculhei os bolsos do morto. Quase nada. Moedas inúteis... Um canivete. Puxei os sapatos mas deixei as calças puídas e a camisa sem botões. Não carregava nada. Uma lástima.
Cocei a barriga, soltei um arroto e larguei o defunto para trás. Nada havia nele que pudesse me interessar, fora o canivete. Talvez o quarto traseiro, mas ainda pretendia ir mais além. Avançar, vasculhar lá na frente. Arrastei-o pelas pernas até sob uma laje inclinada. Lá estaria meio escondido. Voltaria mais tarde e faria os cortes necessários.
As caçadas eram mais vantajosas no passado. Havia mais gente perambulando em busca de alimento. Alvos fáceis. Nos últimos meses houve um declínio na população. Doenças por um lado, fome por outro.
Caminhei a esmo por algumas ruas. Atento a qualquer movimento. Sabia que era silenciosamente vigiado. Olhares atentos que me espreitavam das janelas. Gente acuada. Um tempo atrás ainda era possível roubar sem matar. Apontar a arma, ameaçar, humilhar o freguês e carregar o butim sem maiores problemas. A escassez levou as pessoas a resistir. Não entregar seus valiosos bens sem luta. Assim, puxar o gatilho sem fazer perguntas se tornara o melhor jeito para trabalhar.
Contornei um monturo de escombros e sentei num pedaço grande de pedra. Tirei do bolso um pedaço de carne seca. Mastiguei com calma engolindo cada naco sem tirar os olhos do perímetro. Busca constante de fregueses. Houve época em que abatê-los rendia bom sortimento de provisões, já que ninguém saía de casa sem elas. Não se arriscavam a abandoná-las, desprotegidas, à sanha de vizinhos mal intencionados. Hoje ninguém tem nada, a não ser pequenos rasgos de carne.
Peguei o canivete recém adquirido e testei o fio. Até que estava bom. Daria para despelar um cão com relativa facilidade, se eles ainda existissem. Tateei minha faca, presa na cintura e me levantei, esticando as pernas preguiçosamente. Em tempo de ver um vulto passar correndo alguns metros à frente, contornando obstáculos, se ocultando sob as sombras. Sorri sentindo a adrenalina jorrar. Empunhei o rifle e saí sorrateiro atrás do próximo freguês.
O sol estava inclemente. Nenhuma nuvem no céu. Dois urubus passaram em vôo ligeiro lá para os lados de onde atendera meu último. Esses também lutavam pela sobrevivência. Uns limpando a sujeira dos outros.
Corri ágil por entre os escombros, sentindo no ar o cheiro de suor. Suor que não era meu. Marcas recentes no chão mostraram a direção que o freguês tomara. Pés pequenos. Olhei para além.
Vislumbrei paredes e ruínas. O pó suspenso, sendo atirado para lá e para cá pela brisa. Apurei os sentidos, avancei cauteloso por alguns metros e finquei o dedo no gatilho. Quase um nada para fazer a arma disparar. Girei o corpo com leveza, saltei uma pilastra e enfiei as mãos num vão, agarrando cabelos.
Puxei com força, colando o cano do rifle na cara do freguês.
Ou da freguesa, melhor dizendo.
Olhar enraivecido. Não demonstrava nem um pouquinho de dor, embora a sustentasse pelos longos cabelos. Rosto sujo, roupas em farrapos. Pés no chão. Apertei o rifle entre seus lábios, forçando-a a abri-los. Ela o fez. Os dentes despontaram. Muitos escurecidos, alguns em bom estado. Quantos anos? Não mais que dez, ou onze. Mirrada e subnutrida. Renitente naquele olhar desafiador.
Soltei o rifle e levei a mão livre até seus peitinhos. Senti as leves protuberâncias sob o tecido gasto. Apalpei mais abaixo. Nádegas magricelas, mas que me deram pensamentos sórdidos. Soltei um risinho sacana e fui arrastando a menina pelos cabelos por longos quarteirões. Era uma freguesinha jovem. Dar-lhe um tiro na cara nada me acrescentaria. Mas era companhia, ora se! Sabia que ia ter que amarrar a danada num lugar qualquer. Talvez até amordaçar. Ah, ia tentar fugir e fazer um barulho daqueles... Eu não deixaria.
Os olhares me acompanharam. Os mesmo que espreitavam das janelas, dos prédios destruídos. Um par de sapatos com cadarços amarrados, pendurados num ombro. Um rifle pendurado no outro. Um canivete num bolso, uma boa faca na cintura e uma menininha que me fazia estremecer de desejo bem presa por entre os cabelos. Ela enfiava os dedos, como garras, em minhas mãos. Tentava me ferir, me fazer soltá-la.
Mas o máximo que conseguia era me deixar ainda mais excitado. As perninhas trotavam atrás de mim, tentando acompanhar o ritmo acelerado. Os olhos marejavam mas dos lábios não escapava nenhum som. Nenhum protesto.
Entrei na bocarra que se abria à minha frente. A guarita da garagem ainda mantinha um calendário que ostentava uma pin-up peituda, loira de olhos azuis. Carnes abundantes. Eu a deixara lá. Era uma espécie de mensagem de boas vindas para todas as vezes que retornava das caçadas, com butim ou sem. O prédio acima estava demolido. Nenhum andar de sobra. Quatorze andares jaziam esparramados numa área de muitos e muitos metros quadrados. Montes de entulho. Atravessei o portal formado por uma ampla placa metálica, verifiquei as armadilhas para ver se não tivera visitas enquanto estava fora e então joguei a menina com força contra uma parede. Ela bateu num choque surdo, soltou um gemido e desabou. Os cabelos desgrenhados. Alguns tufos ainda bem presos entre meus dedos.
Esfreguei as mãos me livrando dos cabelos e vasculhei minha mochila. Peguei um naco de carne e o joguei na direção da menina. Ela olhou a carne, lambeu, mordeu e foi mastigando, olhos bem fixos em mim.
Era raro encontrar meninas jovens assim e solitárias. Raríssimo. Difícil também ver adultos, principalmente durante o dia. Eles escolhiam a noite para perambular. Buscavam a escuridão. Grupos esparsos, as matilhas, existiam aqui e ali. Vagueavam pela urbe e fora dela, se alimentando do que podiam achar. Grupos até organizados. Eu era um caçador solitário, evitava grupos e aglomerações. O que caçava era meu e não precisava dividir com mais ninguém.
Me agachei diante dela e voltei a tocá-la. Ela não esboçou nenhuma reação. Corri os dedos pelas ancas estreitas. Acariciei as coxas magras. Tateei as costas que exibiam as costelas de maneira impudente.
Eu a queria. E naquele momento.
Arranquei os trapos que a cobriam. Ela recuou o que pôde, se espremendo contra a parede. Dois pequenos montículos se sobressaiam onde um dia ela (se continuasse viva) teria peitos. A vulva mostrava pequenos e sedosos pelinhos que iam cobrindo a região. Agarrei-a pelas pernas e a arrastei para o meio do esconderijo, sobre folhas de papelão. Virei-a para ver as nádegas. Brancas e exíguas. As espalmei. As apertei. Bati nelas. Avermelharam até parecer fogo.
Levantei e tirei as calças. Desprendi a faca e a coloquei de lado, ao alcance da mão. Virei a menina mais uma vez. Abri suas pernas com força, me colocando entre elas. A Agarrei pelos cabelos e a fiz olhar para meu pênis antes de penetrá-la.
— Você vai gostar, vaquinha. Pode crer que vai.
Deitei sobre aquele corpo miúdo. Me infiltrei para dentro dela, fazendo-a, pela primeira vez, soltar a voz. O grito foi agudo. As pernas começaram a chutar, os braços a sacudir, desferindo socos nas minhas costas. A boca, nervosa, tentava me morder o rosto. Num golpe seco completei a penetração. Ela urrou, arregalando os olhos. As pernas pararam de se mover e os braços tombaram, inertes. Ela passou a me observar sem emoção enquanto ia e vinha.
Maravilha das maravilhas. Uma pequena prostituta para me satisfazer os desejos. Um objeto de prazer à disposição dia e noite. Uma jovem freguesa. A mais tenra, a mais atraente, a mais sedutora, a mais gostosinha. Freguesa para muitos e muitos atendimentos.
—Minha freguesinha deliciosa – Sussurrei ao seu ouvido, enquanto me preparava para explodir.
Momentos de êxtase. O mundo era perfeito. Destruído, arrasado, despovoado. Vida animal quase extinta. E menininhas como aquelas, gazelinhas correndo por entre escombros, exibindo graciosidade à sanha de caçadores implacáveis. Doze, onze, dez anos. Tanto faz. Carne é carne. Prazer é prazer.
Dei uma estocada final. Profunda. Ergui o olhar para o teto, respirei fundo e gemi, enquanto uma faca era enterrada nas minhas costas. Abaixei o rosto. Ela estava lá: sorrindo. Ambas as mãos apoiadas em meu peito, me empurrando. As pernas flexionadas, joelhos colados em meus quadris. Eu ainda túrgido dentro dela. Com um movimento me fez tombar de lado, arrastando-a comigo. Se Livrou de meu aperto, desvencilhou a jovem vulva de meu pênis e se ergueu lentamente. Ao lado surgiram várias outras crianças. Um deles com meu rifle nas mãos. Outro com a minha própria faca, ensangüentada. Outro com o canivete. Outra arrastava minha mochila para fora do esconderijo. Outros vasculhavam o lugar atrás de aproveitáveis. Um grupo considerável olhava para mim e os olhares não escondiam desejos.
Tossi, lambi os lábios e sorri para a putinha que estava ao lado. Corpinho magro e que estivera sob o meu há tão pouco.
— A freguesia vai querer o quê? – perguntei num suspiro, soltando uma golfada de sangue. A resposta veio num instante: um tiro à queima-roupa. Meu crânio explodindo em milhares de fragmentos ensangüentados. Lançaram-se sobre mim. Unhas e dentes buscando pedaços para matar a fome.
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2 comentários:
Que capa linda, legal.
Quem foi o artista?
Já estou divulgando.
Fabi On Eves
Ah, legal vc ter perguntado, faltou eu dar o crédito: a capa é de autoria de Marcelo Tonidandel.
Abraço, Fabi. Apareça
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