13.8.09
A cura para o tédio
Um conto em comemoração ao Dia do Vampiro em São Paulo
Por Martha Argel
Não gosto de tédio. Quero ação. Diversão. E não tenham dúvidas, não espero cair no colo. Vou atrás.
Hoje, por exemplo. Depois que anoiteceu, e não sou de perder tempo, a janela estava ali, aberta para a noite, e eu com fome, tesão quem sabe, talvez durante o dia um sonho molhado com um bom amante há muito devorado. Sem dúvida, uma boa dose de adrenalina não viria mal.
À caça, portanto!
Sabia onde. Uma avenida movimentada. Prostitutas até o 1700, travestis daí em diante, e os moradores escondidos detrás de portas e janelas fechadas, falsa normalidade. Uma sombra perto da esquina, altura do 2000, mais que perfeita para minha tocaia. Nada longa, a tocaia, menos mal. Logo um boyzinho, Golf prateado quase zero, encostou, disposto a negociar com a mulher alta e esguia que não era mulher, mas que homem também não era. Foi a hora que escolhi para aparecer. O ser andrógino se enfureceu, tá querendo roubar meu ponto, piranhinha vagabunda? E veio pra cima de mim, com uma faca que, bom, fui eu quem usou na barriga dele/dela. Sangue desperdiçado, mas não era ele/ela quem eu queria, era o boyzinho e seu olhar de choque aterrorizado, próximo alvo, desta vez de meus dentes, logo depois que o puxei para fora do carro, enquanto a criatura nem homem nem mulher agonizava na calçada, contorcendo-se numa poça malcheirosa de seus próprios líquidos e excreções.
Hum. Sangue forte, denso, saudável não fosse pelo aftertaste de colesterol, e... que mais... vejamos... álcool, cheira a whisky, e ah, claro, cocaína circulando pelo corpo, no sangue, agindo nos pontos certos do cérebro, como deve ser, cumprindo seu papel e alterando percepção, prazeres, tédio. Deixando o cara ligado.
Hum.
Foi boa a ação, ah, sim, foi muito boa.
Como eu disse, não gosto de tédio.
Esse boyzinho ainda está comigo. Um pouco menos ligado, amedrontado, fraco pela perda de sangue, é verdade, mas está aqui, no banco do passageiro, enquanto me divirto, música alta e o carro alucinando sob meu controle pelas avenidas paulistana. Velocidade, sangue, talvez algum sexo daqui a pouco, e antes do sol sair, menino bonito, seu tédio acaba para sempre. Te prometo. Hoje me sinto um anjo de piedade.
Ei, você aí, quer que eu acabe com seu tédio também?
Por Martha Argel
Não gosto de tédio. Quero ação. Diversão. E não tenham dúvidas, não espero cair no colo. Vou atrás.
Hoje, por exemplo. Depois que anoiteceu, e não sou de perder tempo, a janela estava ali, aberta para a noite, e eu com fome, tesão quem sabe, talvez durante o dia um sonho molhado com um bom amante há muito devorado. Sem dúvida, uma boa dose de adrenalina não viria mal.
À caça, portanto!
Sabia onde. Uma avenida movimentada. Prostitutas até o 1700, travestis daí em diante, e os moradores escondidos detrás de portas e janelas fechadas, falsa normalidade. Uma sombra perto da esquina, altura do 2000, mais que perfeita para minha tocaia. Nada longa, a tocaia, menos mal. Logo um boyzinho, Golf prateado quase zero, encostou, disposto a negociar com a mulher alta e esguia que não era mulher, mas que homem também não era. Foi a hora que escolhi para aparecer. O ser andrógino se enfureceu, tá querendo roubar meu ponto, piranhinha vagabunda? E veio pra cima de mim, com uma faca que, bom, fui eu quem usou na barriga dele/dela. Sangue desperdiçado, mas não era ele/ela quem eu queria, era o boyzinho e seu olhar de choque aterrorizado, próximo alvo, desta vez de meus dentes, logo depois que o puxei para fora do carro, enquanto a criatura nem homem nem mulher agonizava na calçada, contorcendo-se numa poça malcheirosa de seus próprios líquidos e excreções.
Hum. Sangue forte, denso, saudável não fosse pelo aftertaste de colesterol, e... que mais... vejamos... álcool, cheira a whisky, e ah, claro, cocaína circulando pelo corpo, no sangue, agindo nos pontos certos do cérebro, como deve ser, cumprindo seu papel e alterando percepção, prazeres, tédio. Deixando o cara ligado.
Hum.
Foi boa a ação, ah, sim, foi muito boa.
Como eu disse, não gosto de tédio.
Esse boyzinho ainda está comigo. Um pouco menos ligado, amedrontado, fraco pela perda de sangue, é verdade, mas está aqui, no banco do passageiro, enquanto me divirto, música alta e o carro alucinando sob meu controle pelas avenidas paulistana. Velocidade, sangue, talvez algum sexo daqui a pouco, e antes do sol sair, menino bonito, seu tédio acaba para sempre. Te prometo. Hoje me sinto um anjo de piedade.
Ei, você aí, quer que eu acabe com seu tédio também?
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10 comentários:
Hmmm, gostei da ação! Um pequeno conto que abraça o essencial na vida de um(a) vampiro(a) discípulo(a) de um Lestat... e fora o tédio!
Um beijo do
amigOsmar
Morte ao tédio, Osmar
Neste conto Lucila está mais malvada e mais sexy do que nunca!! Demonstra toda a força e vitalidade dos seres da noite! Adorei!
Adoramos, Giselle :-)
Dá-lhe Martha!
Feroz, sarcástica e sedutora! Um bom conto para afastar todo tédio!
Acaba com meu tédio também... ahuahahauahu
ótima Conto...
Bloody Kisses
Acaba com meu tédio também... ahuahahauahu
ótima Conto...
Bloody Kisses
Acaba com meu tédio também... ahuahahauahu
ótima Conto...
Bloody Kisses
Acaba com meu tédio também... ahuahahauahu
ótima Conto...
Bloody Kisses
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