6.8.09

Novas impressões sobre Paradigmas

A Coleção Paradigmas já se encontra em seu terceiro volume, dando mostras de que é um projeto consolidado da Tarja Editorial. Para minha surpresa, a edição de estreia - na qual foi publicado o primeiro conto do universo dos Terroristas da Conspiração - continua atraindo atenção dos leitores e mais de leitores resenhadores.

Descobri duas novas resenhas do livro, com opiniões diversas mas bastante coerentes e equilibradas sobre a obra em geral e meu conto em particular. Pela ordem, a primeira foi a crítica de Ana Carolina Silveira em seu blog Leitura Escrita (belo nome!).

Ela abre sua resenha com uma introdução aos objetivos da Coleção Paradigmas:

O que se produz hoje em matéria de ficção fantástica no Brasil? Nós, brasileiros, deixamos a desejar comparados com autores de outras nacionalidades?

Com o objetivo de responder a primeira pergunta, em um manifesto de “estamos aqui, produzindo, e não devemos nada para ninguém”, a Editora Tarja lançou a coleção Paradigmas: por que não mostrar que nós estamos aqui, produzindo e criando?

E, também, por que não podemos quebrar paradigmas antigos – e até mesmo criar novos?

Foram escolhidos então, para o primeiro volume, treze contos de treze escritores de estilos e temáticas diferentes.


Passa então a comentar cada um dos contos, como pode ser lido neste post, mas vou capturar o trecho que fala do meu texto:

A Teoria na Prática, de Romeu Martins: Um conto que não é fantástico mas que versa sobre um tema que mora ao lado: a teoria da conspiração (às vezes ela é mais fantástica do que uma horda de orcs de vestidos de oncinha dançando a macarena, afinal). Doses maciças de ironia e humor negro em uma trama bem-construída. Fiquei curiosa por mais contos no mesmo universo e temática. :D


Minha outra descoberta é uma resenha da Rede RPG assinada por Igor "Valente". Curiosamente, a estrutura do texto é a mesma da anterior. Vamos, então, a introdução:

Lançado pela pequena Tarja Editorial com o intuito de “quebrar paradigmas” no campo da literatura de ficção científica, o livro Paradigmas – Volume 1 já vale a pena pelo preço, meros R$ 13,00. É interessante ressaltar que propostas assim deveriam ser mais comuns em se tratando de literatura nacional, pois é um estímulo a mais para comprarmos. Além disso, o livro é bem diagramado, possui uma bela capa e alguns bons contos em suas quase 120 páginas.

Apesar disso, o livro peca em alguns pontos. Em primeiro lugar, pela falta de unidade no que se refere ao gênero literário abordado. Muitos contos não podem ser incluídos, definitivamente, no gênero ficção científica, tendendo para o fantástico. Em segundo lugar, há a própria questão da qualidade dos textos. Há contos excelentes e contos mais fracos, alguns tendendo para uma sexualidade forçada. Em terceiro lugar, há a própria proposta do livro (quebrar paradigmas) que, sem sombra de dúvida, não acontece. A grande maioria dos contos, por exemplo, se vale de uma estratégia absolutamente comum na literatura brasileira contemporânea, a releitura, o diálogo com outras obras e gêneros para fundar a narrativa. É claro que a motivação da obra (lançar um livro de ficção científica com autores brasileiros) é louvável e muitos contos são realmente interessantes e, nesse sentido, é uma obra que merece ser comprada.

Portanto, como é uma obra de altos e baixos, não vamos fazer uma análise global, preferindo deixar algumas observações sobre cada um dos contos apresentados.


E, novamente, vou pinçar a opinião sobre meu conto:

A teoria na prática, de Romeu Martins: O conto se vale mais de uma linguagem dissertativa, em primeira pessoa, com muitos diálogos, para construir a sua história. Dessa forma, consegue mostrar um ponto de vista interessante, mas, como o anterior, explica demais. Seria uma história muito mais interessante se sugerisse mais e nos deixasse na dúvida, em vez de com todas as respostas prontas.


"Valente" ainda faz uma avaliação dando notas, de 1 a 6, para Trama, Texto e Narrativa da obra como um todo, marcando uma média de 5 para o livro.

São duas excelentes resenhas e fiquei muito feliz por ter tido a oportunidade de encontrá-las. Acho que só devo fazer alguns esclarecimentos quanto a questões de enquadramento de gênero. "A teoria na prática" foi pensado como um representante de uma vertente pouco conhecida no Brasil da Ficção Científica chamada Mundane. É uma versão um tanto mais restritiva e, na minha opinião, cínica, da FC. É algo fronteiriço com a literatura mainstream, por isso acho natural que alguns críticos não a considerem dentro do gênero fantástico, como fez Ana Carolina.

Um outro ponto, que talvez tenha afetado a visão de "Valente" em relação ao livro, é que Paradigmas não se trata de uma coletânea exclusivamente de FC como ele diz. A ideia original do organizador, Richard Diegues, era de lançar, sim, edições temáticas com as três grandes áreas da literatura fantástica: FC, Fantasia e Terror. Mas acabou optando por não fazer distinção tão clara entre os contos, até porque, na maioria das vezes, os melhores textos fogem a interpretações tão rígidas, unindo elementos de dois ou mais desses gêneros e de outros mais, como o policial, suspense, contos filosóficos e mainstream.

No mais, meu muito obrigado aos dois resenhistas!

4 comentários:

Ludimila Hashi disse...

Ótimas decobertas.

Romeu Martins disse...

É vero! Bom saber que o conto ainda repercute entre leitores tão críticos e dispostos a compartilhar suas opiniões.

Isso não tem preço!

Helena disse...

Bacana, Romeu, obrigada por postar. Eu não descobriria estas duas resenhas. É legal ver os pontos de vista de leitores diferentes.

beijão,

merrel

Romeu Martins disse...

Oi, merrel, sunida você.

Pois é, sempre é um prazer encontrar os ecos do Paradigmas pela rede.

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