5.8.09
O alienígena perdido
Uma história de primeiro contato
Por Afonso Luiz Pereira
Observo, pensativo, o alienígena à minha frente.
Que criatura horrível! Creio que já decidi o seu destino!
Quando o trouxemos para dentro de nossa espaçonave, adotamos todas as medidas de prevenção, como exigia a situação. A criatura estava inconsciente, mas limpa! Os micro-organismos que constituíam parte de seu corpo não podiam nos atingir. De qualquer forma, dada a singular descoberta daquela cápsula de sobrevivência a deriva no espaço, pelos menos assim se apresentava, achamos sensato mantê-lo isolado até que obtivéssemos informações mais consistentes.
A tecnologia da cápsula de sobrevivência alienígena era, até certo ponto, sofisticada e muito prática, porém não se poderia comparar com a eficiência das nossas. O sistema de manutenção de vida deles era arcaico não permitindo um controle rígido sob o retardamento sistemático e rápido da renovação celular, característica pertinente à natureza de sua formação física. Aquele ser envelhecera no espaço e, ao que tudo indicava, parecia estar entrando em sua fase final de vida.
Juntamente com ele, fortemente apertado em um dos filamentos que se lhe projetavam do corpo, encontramos um artefato tecnológico interessante. Era uma caixa pequena, cheia de botões coloridos, que tentamos analisar com cuidado. Poderia ser uma arma! Um mecanismo auto-destrutivo! Um sinalizador para outros de sua espécie, o que nos deixou apreensivos porque, quem vai saber, talvez tal criatura fizesse parte de uma raça usurpadora de outros mundos. Uma raça com motivações bélicas. Uma raça guerreira! Sempre tivemos medo, em nossas viagens temporais pelo universo, de esbarrar com alienígenas nada amistosos. Então, tínhamos de descobrir a capacidade tecnológica deles!
Mas a tal caixinha, acabamos descobrindo acidentalmente, não passava de um repositório de informações e imagens da cultura alienígena de onde aquela criatura horrenda viera. Levamos algum tempo para analisar as imagens e os grunhidos que eles emitiam entre si como forma de comunicação! Investimos nossos melhores cientistas nesta área para decifrar a sua linguagem e depois de alguns ciclos de intenso trabalho, obtivemos a real dimensão do contexto em que se encontrava aquele espécime perdido no espaço.
A história dele, é bem verdade, era patética! A “coisa” se achava o último de sua raça e trazia com ele material genético para florescer em outro lugar mais aprazível. Não acho que valha a pena entrar em detalhes de sua história. Vou restringir-me, portanto, a um breve resumo.
O planeta da criatura, em agonia, já definhava a quase 2 séculos. Suas reservas naturais e as condições climáticas que permitiam a manutenção de vida foram se exaurindo aos poucos pela contaminação dos seus próprios habitantes. Em meio a disputa por um líquido precioso que chamavam de “água”, fonte de vida primária de subsistência, houve guerras entre as facções mais fortes. Armas de destruição em massa foram acionadas. Aconteceu o caos!
Antes do colapso total, uma espaçonave, tripulada por cientistas, foi lançada ao espaço com objetivo de perpetuar a espécie em outro lugar! Decorridos alguns anos, infelizmente, um aglomerado de asteróides atingiu a espaçonave comprometendo a vida da tripulação. Entre eles, num acordo bastante polêmico, escolheram alguém mais jovem que pudesse ficar na única cápsula de sobrevivência que ainda funcionava. Deram-lhe material genético e a caixinha em suas mãos: o legado de uma espécie condenada à extinção que se autodenominava orgulhosamente de “A Raça Humana”!
Agora, observo o alienígena deitado a minha frente. Criatura horrível! Há uma protuberância orgânica na parte superior do seu corpo esguio que encerra toda a sua inteligência e possibilita-o, através da mesma, expedir comandos neurais para a locomoção do próprio. Ainda bem que não precisamos de tal expediente para prover nossos corpos de mobilidade!
Bem... a intenção deles de perpetuar a espécie, há que se dar crédito, foi muito inteligente. Uma das luas de nosso planeta, que é do tamanho do planeta deles, pode bem servir para oferecer as condições necessárias para voltarem a prosperar, mas...
Já decidi o seu destino!
Não vou lhes dar esta chance!
Não é pela feiúra deles, não! Já nos relacionamos com criaturas igualmente feias. É porque fico imaginando que se eles tiveram a coragem de se destruir mutuamente, imagine só o que eles não fariam se pudessem entrar em contato com outras culturas! Suas armas de destruição em massa poderiam seriamente nos comprometer também!
Por isso, vou colocar o alienígena, último remanescente de sua raça, com a sua caixinha e material genético, dentro da cápsula de sobrevivência e enviá-la para a estrela incandescente mais próxima!
Posso até estar cometendo um grave erro, mas acho que tal espécie não merece florescer novamente em nosso universo!
Por Afonso Luiz Pereira
Observo, pensativo, o alienígena à minha frente.
Que criatura horrível! Creio que já decidi o seu destino!
Quando o trouxemos para dentro de nossa espaçonave, adotamos todas as medidas de prevenção, como exigia a situação. A criatura estava inconsciente, mas limpa! Os micro-organismos que constituíam parte de seu corpo não podiam nos atingir. De qualquer forma, dada a singular descoberta daquela cápsula de sobrevivência a deriva no espaço, pelos menos assim se apresentava, achamos sensato mantê-lo isolado até que obtivéssemos informações mais consistentes.
A tecnologia da cápsula de sobrevivência alienígena era, até certo ponto, sofisticada e muito prática, porém não se poderia comparar com a eficiência das nossas. O sistema de manutenção de vida deles era arcaico não permitindo um controle rígido sob o retardamento sistemático e rápido da renovação celular, característica pertinente à natureza de sua formação física. Aquele ser envelhecera no espaço e, ao que tudo indicava, parecia estar entrando em sua fase final de vida.
Juntamente com ele, fortemente apertado em um dos filamentos que se lhe projetavam do corpo, encontramos um artefato tecnológico interessante. Era uma caixa pequena, cheia de botões coloridos, que tentamos analisar com cuidado. Poderia ser uma arma! Um mecanismo auto-destrutivo! Um sinalizador para outros de sua espécie, o que nos deixou apreensivos porque, quem vai saber, talvez tal criatura fizesse parte de uma raça usurpadora de outros mundos. Uma raça com motivações bélicas. Uma raça guerreira! Sempre tivemos medo, em nossas viagens temporais pelo universo, de esbarrar com alienígenas nada amistosos. Então, tínhamos de descobrir a capacidade tecnológica deles!
Mas a tal caixinha, acabamos descobrindo acidentalmente, não passava de um repositório de informações e imagens da cultura alienígena de onde aquela criatura horrenda viera. Levamos algum tempo para analisar as imagens e os grunhidos que eles emitiam entre si como forma de comunicação! Investimos nossos melhores cientistas nesta área para decifrar a sua linguagem e depois de alguns ciclos de intenso trabalho, obtivemos a real dimensão do contexto em que se encontrava aquele espécime perdido no espaço.
A história dele, é bem verdade, era patética! A “coisa” se achava o último de sua raça e trazia com ele material genético para florescer em outro lugar mais aprazível. Não acho que valha a pena entrar em detalhes de sua história. Vou restringir-me, portanto, a um breve resumo.
O planeta da criatura, em agonia, já definhava a quase 2 séculos. Suas reservas naturais e as condições climáticas que permitiam a manutenção de vida foram se exaurindo aos poucos pela contaminação dos seus próprios habitantes. Em meio a disputa por um líquido precioso que chamavam de “água”, fonte de vida primária de subsistência, houve guerras entre as facções mais fortes. Armas de destruição em massa foram acionadas. Aconteceu o caos!
Antes do colapso total, uma espaçonave, tripulada por cientistas, foi lançada ao espaço com objetivo de perpetuar a espécie em outro lugar! Decorridos alguns anos, infelizmente, um aglomerado de asteróides atingiu a espaçonave comprometendo a vida da tripulação. Entre eles, num acordo bastante polêmico, escolheram alguém mais jovem que pudesse ficar na única cápsula de sobrevivência que ainda funcionava. Deram-lhe material genético e a caixinha em suas mãos: o legado de uma espécie condenada à extinção que se autodenominava orgulhosamente de “A Raça Humana”!
Agora, observo o alienígena deitado a minha frente. Criatura horrível! Há uma protuberância orgânica na parte superior do seu corpo esguio que encerra toda a sua inteligência e possibilita-o, através da mesma, expedir comandos neurais para a locomoção do próprio. Ainda bem que não precisamos de tal expediente para prover nossos corpos de mobilidade!
Bem... a intenção deles de perpetuar a espécie, há que se dar crédito, foi muito inteligente. Uma das luas de nosso planeta, que é do tamanho do planeta deles, pode bem servir para oferecer as condições necessárias para voltarem a prosperar, mas...
Já decidi o seu destino!
Não vou lhes dar esta chance!
Não é pela feiúra deles, não! Já nos relacionamos com criaturas igualmente feias. É porque fico imaginando que se eles tiveram a coragem de se destruir mutuamente, imagine só o que eles não fariam se pudessem entrar em contato com outras culturas! Suas armas de destruição em massa poderiam seriamente nos comprometer também!
Por isso, vou colocar o alienígena, último remanescente de sua raça, com a sua caixinha e material genético, dentro da cápsula de sobrevivência e enviá-la para a estrela incandescente mais próxima!
Posso até estar cometendo um grave erro, mas acho que tal espécie não merece florescer novamente em nosso universo!
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