16.9.09
Pequena Dama
Um encontro inevitável. Por Seph
Ele caminhava. Olhava baixo, estava sozinho. Mãos nos bolsos, pouco mais de quarenta anos. Com passos lentos e perdidos, parou em frente a um banco da praça. Sentado a ele estava uma garotinha.Usava um vestido preto; tinha pele branca como papel, cabelos negros como a noite, compridos e lisos. Parecia uma bonequinha. A garota ergueu seus olhos azuis para o estranho a sua frente. Sorriu nervosa.
- Posso sentar-me ai? - perguntou ele.
- Hunn...sim, claro.
O homem sentou-se ao lado dela, parecia cansado. A garota pousou as mãos sobre os joelhos inquieta. Parecia querer falar algo, mas manteve-se calada.
- Então...- começou ele, quebrando o silêncio – Você é o que eu acho que você é?
- Sim...- respondeu num tom triste. - Receio ser.
- Notei...Não é a primeira vez que te vejo por aqui.
- As pessoas não me notam, ou fingem. Muitas me vêem, mas não dão a mínima. Sou invisível, pois preferem não aceitar minha existência.
- Você não parece gostar do que faz.
- Gostar eu não gosto. - respondeu, mirando o rosto dele. - Mas eu faço porque preciso.
- Entendo.
Ele dá um suspiro, olha para a garotinha ao seu lado e recomeça:
- Então voce vai... digo, nós vamos...?
- Claro que sim, afinal, estou aqui pra isso.
- Aqui mesmo?
- Não é um bom lugar? - diz ela com um sorriso tímido. - É bonito...Eu gosto daqui. Você gosta?
- Na verdade, eu nunca tinha reparado em como aqui é bonito...só hoje, não é estranho?
- Não é não. Nunca é tarde.
Ele sorri para ela, mas não diz nada.
- Moço, podemos...?
- Sim, por favor.
- Eu prometo que vou te fazer sentir-se melhor.
A garota esboçou um lindo sorriso. Num pulo, levantou-se do banco, pondo-se de frente ao homem. Esticou a mão, tocando-lhe na testa gentilmente. Ele fechou os olhos e pensou em tudo que tivera feito na vida até então; amou muitos e odiou tantos, feriu os outros e feriu a sí mesmo. Isso é a vida? Pensa ele, tudo se resume a isso? Ele relaxa o corpo e deixa com que a garota termine o serviço, levando-o para um lugar onde o tempo não passa, a dor não existe e todos são iguais.
Sentir-se vivo não é ficar feliz por escapar da morte, mas sim, ficar feliz apenas por existir.
Ele caminhava. Olhava baixo, estava sozinho. Mãos nos bolsos, pouco mais de quarenta anos. Com passos lentos e perdidos, parou em frente a um banco da praça. Sentado a ele estava uma garotinha.Usava um vestido preto; tinha pele branca como papel, cabelos negros como a noite, compridos e lisos. Parecia uma bonequinha. A garota ergueu seus olhos azuis para o estranho a sua frente. Sorriu nervosa.
- Posso sentar-me ai? - perguntou ele.
- Hunn...sim, claro.
O homem sentou-se ao lado dela, parecia cansado. A garota pousou as mãos sobre os joelhos inquieta. Parecia querer falar algo, mas manteve-se calada.
- Então...- começou ele, quebrando o silêncio – Você é o que eu acho que você é?
- Sim...- respondeu num tom triste. - Receio ser.
- Notei...Não é a primeira vez que te vejo por aqui.
- As pessoas não me notam, ou fingem. Muitas me vêem, mas não dão a mínima. Sou invisível, pois preferem não aceitar minha existência.
- Você não parece gostar do que faz.
- Gostar eu não gosto. - respondeu, mirando o rosto dele. - Mas eu faço porque preciso.
- Entendo.
Ele dá um suspiro, olha para a garotinha ao seu lado e recomeça:
- Então voce vai... digo, nós vamos...?
- Claro que sim, afinal, estou aqui pra isso.
- Aqui mesmo?
- Não é um bom lugar? - diz ela com um sorriso tímido. - É bonito...Eu gosto daqui. Você gosta?
- Na verdade, eu nunca tinha reparado em como aqui é bonito...só hoje, não é estranho?
- Não é não. Nunca é tarde.
Ele sorri para ela, mas não diz nada.
- Moço, podemos...?
- Sim, por favor.
- Eu prometo que vou te fazer sentir-se melhor.
A garota esboçou um lindo sorriso. Num pulo, levantou-se do banco, pondo-se de frente ao homem. Esticou a mão, tocando-lhe na testa gentilmente. Ele fechou os olhos e pensou em tudo que tivera feito na vida até então; amou muitos e odiou tantos, feriu os outros e feriu a sí mesmo. Isso é a vida? Pensa ele, tudo se resume a isso? Ele relaxa o corpo e deixa com que a garota termine o serviço, levando-o para um lugar onde o tempo não passa, a dor não existe e todos são iguais.
Sentir-se vivo não é ficar feliz por escapar da morte, mas sim, ficar feliz apenas por existir.
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5 comentários:
Ótimo conto, já tinha lido a algum tempo e é um dos meus preferidos do Seph.
Gosto de como a imaginação pode nos levar a reproduzir a morte.
Obrigado pelo comentário, the.scar.
Realmente, tentar verbalizar a morte é um desafio e tanto. Me lembro de um ótimo resultado de uma HQ de Neil Gaiman, "O som de suas asas".
Abraço
muito bom o conto
faz a gente pensar sobre como está vivendo.....
Parabéns ao Seph por escrever tão bem ... continue assim
Muito bom!
Evoluindo cada vez mais Seph. Trabalho interessante e instigante, continue o bom trabalho!
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