16.12.08

Taikodom: o primeiro livro

Hoje foi publicada no Overmundo uma resenha minha sobre o livro Taikodom: Despertar, romance que marca a estréia do universo ficcional, criado por Gerson Lodi-Ribeiro, para o game on line que está sendo produzido aqui em Santa Catarina.

Abaixo segue o primeiro páragrafo do texto que pode ser lido aqui e brevemente em meu outro blog:

No dia 15 de outubro de 2003 uma nova palavra entrou de vez para o vocabulário e para o imaginário dos que se interessam por temáticas espaciais. Naquela data, ao orbitar a Terra a bordo da nave Shenzhou 5 Yang Liwei, um chinês de 38 anos, se tornou o primeiro taikonauta da história, o nome que as autoridades de seu país escolheram para o mesmo profissional que, em tempos de guerra fria, foi chamado de astronauta pelos americanos e de cosmonauta pelos russos. O prefixo utilizado para diferenciar a conquista chinesa daquela feita pelos rivais históricos décadas atrás – derivado de “taikong”, espaço em mandarim – serviu de inspiração para batizar a mais ousada e ambiciosa iniciativa multimídia ligada à ficção científica no Brasil. Seu lançamento oficial ocorreu exatamente meia década depois da longa marcha espacial de Yang Liwei: foi em 27 de outubro deste ano que a empresa catarinense Hoplon Infotainment apresentou ao público o game on-line Taikodom, um produto que passou justamente os últimos quatro anos e meio em desenvolvimento, consumiu investimentos na ordem de R$ 15 milhões e será o mote de vários outros meios nos quais se contarão histórias sobre o Domínio do Espaço. O primeiro deles foi lançado em outubro em São Paulo, juntamente com o game, e também no início de dezembro, em Florianópolis, e é o motivo desta resenha, o romance Taikodom: Despertar, editado pela Devir e escrito por João Marcelo Beraldo.


A capa, que pode ser vista ali em cima, foi criada pelo jornalista, artista gráfico e meu amigo Ivan Jerônimo.

FC na TV

No dia primeiro de outubro um trio de escritores de Ficção Científica, quase todos colaboradores deste blog, foi entrevistado pelo programa Atitude.com da TV Brasil, antiga TVE. Ana Cristina Rodrigues, Clinton Davisson e Mariana Gouvin participaram ao longo de quase uma hora respondendo perguntas da apresentadora e de telespectadores sobre a literatura e o cinema do gênero. O resultado demorou a cair na rede mas agora tá lá, no Youtube. A primeira parte (de quatro) pode ser vista aqui. As demais estão na listinha ali do lado direito da tela.

Meme pró-FC

A convocação foi feita pelo Fábio Fernandes seguindo o conceito original de John Ottinger. O objetivo é criar uma lista colaborativa de sites e blogs especializados em resenhas de obras de ficção fantástica. A explicação abaixo é de Mr. Ottinger em tradução do Fábio:

Minha lista de resenhistas de livros de FC e fantasia está terrivelmente desatualizada. Preciso da ajuda de vocês para me ajudar a corrigir isso. Mas em vez de passar por todo o trabalho de vocês me enviarem recomendações ou postá-las nos comentários, o que vocês podem fazer é pegar a lista abaixo e copiá-la para seus websites, adicionando sua URL à lista, de preferência mantendo a ordem alfabética. Assim, eu serei capaz de rastreá-la pela web e adicionar cada novo blog ao meu blogroll à medida que ela for aumentando. Então peguem esta lista, adicionem-a aos seus blogs e adicionem um link sobre ela. Se vocês já estiverem na lista, repostem este meme nos seus blogs para que outros possam vê-la, e descubram novos blogs a partir dos links que outros colocarem nos blogs deles. Assim todo mundo sai ganhando! Não esqueça de enviar a lista para outras pessoas também.
Como esta me pareceu uma ótima idéia, reproduzo a lista que consta no Pós-Estranho acrescentando a ela o endereço do meu outro blog, o Ponto de Convergência, no qual republico resenhas e entrevistas que escrevo originalmente para o Overmundo. Estamos linkados ali na seção dedicada aos Brazilian, Portuguese.

Aqui vai:

7 Foot Shelves
The Accidental Bard
A Boy Goes on a Journey
A Dribble Of Ink
A Hoyden's Look at Literature
Adventures in Reading
The Agony Column
Andromeda Spaceways
The Antick Musings of G.B.H. Hornswoggler, Gent.
Ask Daphne
Australia Specfic in Focus
Author 2 Author
Barbara Martin
Bees (and Books) on the Knob
Bibliophile Stalker
Bibliosnark
BillWardWriter.com
Bitten by Books
The Black Library Blog
Blog, Jvstin Style
Blood of the Muse
The Book Bind
Bookgeeks
Bookslut
The Book Smugglers
Bookspotcentral
The Book Swede
Bookrastination
Breeni Books
Cheaper Ironies [pro columnist]
Cheryl's Musings
Critical Mass
Damien G. Walter
Danger Gal
Dark Wolf Fantasy Reviews
Darque Reviews
Dave Brendon's Fantasy and Sci-Fi Weblog
Dear Author
The Deckled Edge
Dragons, Heroes and Wizards
The Discriminating Fangirl
Dusk Before the Dawn
Enter the Octopus
Eve's Alexandria
Fantastic Reviews
Fantastic Reviews Blog
Fantasy Book Critic
Fantasy Cafe
Fantasy Debut
Fantasy Book Reviews and News
Fantasy and Sci-fi Lovin' Blog
Feminist SF - The Blog!
The Fix
The Foghorn Review
Frances Writes
From a Sci-Fi Standpoint
Fruitless Recursion
The Galaxy Express
Galleycat
The Gamer Rat
Genre Reviews
Graeme's Fantasy Book Review
Grasping for the Wind
The Green Man Review
Hasenpfeffer
Highlander's Book Reviews
Horrorscope
The Hub Magazine
Ink and Keys
io9
Jumpdrives and Cantrips
Lair of the Undead Rat
League of Reluctant Adults
Literary Escapism
Michele Lee's Book Love
The Mistress of Ancient Revelry
MIT Science Fiction Society
Monster Librarian
More Words, Deeper Hole
Mostly Harmless Books
My Favourite Books
Neth Space
The New Book Review
NextRead
OF Blog of the Fallen
The Old Bat's Belfry
Outside of a Dog
Paranormality
Pat's Fantasy Hotlist
Piaw's Blog
Post-Weird Thoughts
Publisher's Weekly
Reading the Leaves
Realms of Speculative Fiction
Reviewer X
Rob's Blog o' Stuff
Robots and Vamps
Sandstorm Reviews
ScifiChick
Sci Fi Wire
SciFiGuy
Sci-Fi Fan Letter
Sci-Fi Songs [Musical Reviews]
The Sequential Rat
Severian's Fantastic Worlds
SF Diplomat
SF Gospel
SF Reviews.net
SF Revu
SF Signal
SF Site
SFF World's Book Reviews
Silver Reviews
The Specusphere
Spinebreakers
Smart Bitches, Trashy Books
Speculative Fiction
Speculative Fiction Junkie
Speculative Horizons
Spiral Galaxy Reviews
Spontaneous Derivation
Sporadic Book Reviews
Stella Matutina
The Sudden Curve
The Sword Review
Tangent Online
Tehani Wessely
Temple Library Reviews
Tor.com [also a publisher]
The Road Not Taken
Un:Bound
Urban Fantasy Land
Vast and Cool and Unsympathetic
Variety SF
Walker of Worlds
Wands and Worlds
The Wertzone
With Intent to Commit Horror
WJ Fantasy Reviews
The World in a Satin Bag
WriteBlack
Young Adult Science Fiction

Foreign Language (other than English)
Cititor SF [Romanian, but with English Translation]

Elbakin.net [French]

Foundation of Krantas [Chinese (traditional)]
The SF Commonwealth Office in Taiwan [Chinese (traditional) with some English essays]
Yenchin's Lair [Chinese (traditional)]

Fernando Trevisan [Brazilian, Portuguese]

Human 2.0 [Brazilian, Portuguese]

Life and Times of a Talkative Bookworm [Brazilian, Portuguese]

Ponto de Convergência [Brazilian, Portuguese]

pós-estranho [Brazilian, Portuguese]

Fantasy Seiten [German, Deustche]
Fantasy Buch [German, Deustche]
Literaturschock [German, Deustche]
Welt der fantasy [German, Deustche]
Bibliotheka Phantastika [German, Deustche]
SF Basar [German, Deustche]
Phantastick News [German, Deustche]
X-zine [German, Deustche]
Buchwum [German, Deustche]
Phantastick Couch [German, Deustche]
Wetterspitze [German, Deustche]
Fantasy News [German, Deustche]
Fantasy Faszination [German, Deustche]
Fantasy Guide [German, Deustche]
Zwergen Reich [German, Deustche]
Fiction Fantasy [German, Deustche]

1.12.08

Cidadão Wayne

O que aconteceria se Orson Welles

tivesse dirigido um filme do Batman?

Por Romeu Martins


No último dia 30 de outubro, uma transmissão de rádio que entrou para a história completou 70 anos. Foi em 1938 que um então jovem radialista da rede americana CBS resolveu adaptar para um formato de falsos boletins noticiosos o clássico de ficção científica A Guerra dos Mundos, de H.G. Wells. O ritmo do comunicador aumentava conforme se desenrolavam os relatos de uma invasão marciana envolvendo várias naves espaciais. Acostumados a se informar por aquela que era a principal mídia da época, cerca de um milhão de nova-iorquinos acreditaram que a história era real e entraram em pânico, alguns saindo em correria pelas ruas, outros se protegendo de gases venenosos com toalhas enroladas na cabeça. Aqueles programetes viraram alvos de estudos sobre o poder da imprensa, podem ser considerados o marco inicial das onipresentes pegadinhas e projetaram à fama o tal jovem radialista, um certo Orson Welles que apenas três anos depois voltaria às páginas da história ao escrever, dirigir e protagonizar Cidadão Kane, o filme considerado pela crítica como o melhor de todos os tempos.

Provavelmente foi inspirado nessa tradição de criar fatos a partir do cruzamento entre a ficção e a realidade que o roteirista Mark Millar (autor da série Ultimate dos Vingadores) invocou o nome de Orson Welles para agitar o mundo dos fãs de HQs e de cinema ao imaginar como seria um filme do Batman realizado pelo mitológico diretor.

Se Millar tivesse feito um simples texto com suposições a esse respeito talvez até alcançasse alguma repercussão, mas ele optou por explorar outro caminho na coluna que assinou no dia 26 de setembro no site Comic Book Resources. O autor afirmou que teria recebido com exclusividade parte do material de pesquisa para uma biografia de Welles que comprovaria o empenho do diretor para fazer tal adaptação em 1946. O livro seria escrito por um certo Lionel Hutton, supostamente crítico e historiador de cinema, que pesquisando o espólio de Welles descobrira notas de produção, cartas de confirmação do elenco, esboço de roteiro... O texto de Millar é terrivelmente convincente. Mas, provavelmente de propósito, deixava pistas de que tudo não passava de um trote. A maior delas envolve o Charada, vilão de Batman famoso por justamente sempre deixar dicas de como resolver seus crimes: Millar afirmava que esse personagem faria parte do filme de 1946, mas ele só foi criado três anos depois daquela data.

As supostas revelações de Millar provocaram alvoroço. É verdade que seria exagero comparar à movimentação causada pelos marcianos de Wells e Welles dos anos 30, mas que o colunista conseguiu agitar o modorrento cenário que estávamos atravessando, isso conseguiu. Quem acompanha essa história desde o início esperava que o ponto alto acontecesse na coluna seguinte de Millar, anunciada para o dia 3 de outubro. Só que no lugar de um texto assumindo o engodo e revelando as reais intenções, havia apenas um aviso: o autor deve voltar a escrever naquele espaço dentro de algumas semanas. Sem fazer especulações dos objetivos do autor, vamos ver um breve resumo com as “informações” do já polêmico texto “Orson Welles and Bat-man” para entender porque esse possivelmente é o melhor roteiro já criado por Mark Millar e, na tradição do velho Vigia, pensar no que aconteceria se tudo não passasse de uma pegadinha.

DESENHO DE PRODUÇÃO

”Muitos dos desenhos de produção que Orson Welles encomendou a Gregg Toland estão em notas e elas farão você sentir um arrepio na coluna assim que puder vê-las”, testemunhou o colunista. Vale lembrar que Gregg Toland é o mesmo cinegrafista responsável por várias das inovações técnicas de Cidadão Kane. Mark Millar dizia não poder revelar muitos detalhes para não estragar surpresas do livro de seu amigo Lionel Hutton, mas dava uma canja com um desenho bastante fiel ao conceito visual original do personagem criado por Bob Kane e Bill Finger em 1939.

ROTEIRO

Millar informa que Welles tinha planos bem ousados para a produção. Em supostas anotações do próprio diretor sobre o projeto Batman, teria sido registrada a pretensão de fazer do filme uma “experiência cinematográfica, um caleidoscópio de heroísmo e pesadelos jamais vistos antes, salvo no subconsciente de Goya e de Hawksmoor”. Esses dois citados são o pintor espanhol Francisco de Goya e o arquiteto inglês Nicholas Hawksmoor, referências expressionistas e góticas perfeitas para um filme sobre o Cavaleiro das Trevas. Mais para frente, Welles teria dito ainda que a intenção era fazer do filme um “psico-drama adulto” combinado com o nível de emoção e excitação dos seriados que passavam nas matinês de sábado nos EUA. Para tocar tudo isso, Welles queria imprimir “um estilo totalmente novo de dinâmica de direção como nunca havia sido visto no cinema americano”.

Mais detalhes da trama do filme estariam em 36 páginas de tratamento inicial do projeto, todas elas encontradas pelo tal Hutton. As pistas indicariam que a fita começaria de modo clássico, com a morte dos pais do jovem Bruce Wayne (uma curiosidade aqui: o nome da mãe do personagem que mais tarde se tornaria o vigilante Batman foi modificado de Martha para Mary Wayne. Quer coisa mais típica de produção cinematográfica que fazer alterações desse tipo?). A conclusão da história seria uma cena de luta com o protagonista, sem a máscara, lutando contra Coringa, Duas-Caras, Charada e Mulher Gato em uma prisão rebelada.

ELENCO

Para interpretar todos esses personagens o diretor escalaria um elenco estelar. O Coringa seria vivido pelo britânico Basil Rathbone, notório vilão de filmes de ação como As Aventuras de Robin Hood, de 1938, e A Marca do Zorro (aqui é impossível deixar de registrar uma das coincidências do texto: em uma das muitas revisões bibliográficas de Batman, ficou estabelecido que os pais do personagem foram assassinados justamente quando a família foi assistir a esse filme, de 1940). Quem viveria o anacrônico Charada seria James Cagney, astro de fitas policiais, a mais conhecida é Inimigo Público, de 1931. Para o Duas-Caras, com a recusa de Humphrey Bogart para o papel, foi escalado George Raft, marcado pelo envolvimento com gângsteres na vida real e por interpretá-los no cinema em filmes como Scarface, de 1932, e Quanto Mais Quente Melhor, de 1942. A Mulher Gato seria vivida por ninguém menos que Marlene Dietrich, mundialmente conhecida por seu papel em Anjo Azul, de 1930.

Mas a grande confusão que teria acabado com as chances do filme foi a briga em torno da escolha do ator para fazer o papel de Bruce Wayne/Batman. Welles queria aquele que provavelmente era seu ator favorito: ele próprio. Por algum motivo, os sempre inconvenientes produtores não gostaram da idéia e faziam questão de chamar Gregory Peck, recém-falecido na época da publicação do texto de Millar e um novato na década de 40. Na trama elaborada por Millar, eles chegaram a sugerir a Welles que caso ele quisesse mesmo participar no filme, que trocasse de lugar com Rathbone para viver o Coringa. O diretor teria ficado furioso com a interferência, largou o projeto que teria consumido cerca de oito meses de trabalho e, com isso, nesse universo paralelo, Batman entrou para o rol de seus trabalhos inacabados (assim como aquele lendário filme que se passaria no Brasil).

O QUE PODERIA TER SIDO

Tirando essa parte final, tudo ia tão bem que de fato era difícil acreditar nessas informações... A noção de “psico-drama adulto” teria sido uma atitude visionária, que anteciparia em pelo menos 40 anos o tratamento mais bem acabado do personagem. Na verdade, Batman só ganharia de fato uma marca digna dessa definição nos anos 80, a partir da reformulação que autores como o americano Frank Miller (O Cavaleiro das Trevas e Ano UM) e os britâncios Alan Moore (A Piada Mortal) e Grant Morrison (Asilo Arkham) fizeram em cima do trabalho pioneiro de Denny O´Neil no fim da década de 60. Quanto às pistas disponíveis a todo o resto, do visual dos personagens até a escolha dos autores, aparentemente servem como aula aos responsáveis pela atual onda de adaptações de quadrinhos, isso para não falar nas obras de safras anteriores. Isso, obviamente, inclui a seqüência de quatro produções da qual o próprio Batman foi vítima nas mãos de Tim Burton e Joel Schumacher. Millar daria um excelente consultor para Hollywood, concordam?

O que mais impressiona nessa idéia do colunista é o timing perfeito para que a tal produção, caso viesse mesmo às telas, pudesse realmente redefinir rumos e conceitos. Primeiro no cinema, que ainda vivia um momento de portas abertas para fitas de qualidade; não havia sido feita até então a escolha que marcou os anos 70 e 90 (com uma folga curta na geração dos 80) para que praticamente tudo o que se produzisse em um grande estúdio fosse feito mirando em adolescentes com pobrema no célebro.

Mas seria, com toda certeza, nos quadrinhos que este pretenso filme do Batman dos anos 40 teria maior potencial para modificar o mundo como o conhecemos hoje. Até a metade daquela década, essa mídia, mais notadamente o gênero de super-heróis, vivia sua fase mais popular. Se hoje um sucesso de vendas é medido em tiragem de algumas dezenas de milhares, naqueles tempos as cifras eram milhões de exemplares. Na década seguinte o gênero cairia em desgraça, virando alvo de gozação do público pós-guerra e de patrulhamento de autoridades preocupadas com o poder subversivo daquele meio. O resultado é que tais HQs passaram por um ciclo de auto-censura, perda de qualidade e queda nas vendas que só seria revista muito, muito lenta, no meio dos anos 60. Só que ai já era tarde. O encanto dos primeiros dias já havia se perdido.

Com o aval de uma pessoa como Orson Welles essa história de coito interrompido poderia ter sido bem diferente. Vale lembrar que ele nunca foi um sucesso garantido de público, mas desde sempre seu nome é apontado como o mais influente dos diretores. Dessa forma, os quadrinhos teriam recebido o impulso que faltou para alcançarem o status de seus co-irmãos, o crime, o suspense, a ficção científica. Todos esses gêneros também nasceram meio marginalizados, mas em algum momento de suas histórias, ao contrário das HQs, tiveram uma chance de redenção, seja no cinema, seja na literatura. O gênero poderia assim ter deixado de ser refém de um gueto de nerds (aquele tipo de gente que liga para sua casa sábado de manhã para repassar todas as novidades da semana), mudando o modo como o público pós-guerra passou a encarar essas revistas. Poderia ainda ter levado outros diretores renomados a realizar suas próprias adaptações: Millar encerra seu texto imaginando um possível filme do Capitão América feito por John Ford, mas por que não ir mais longe? Como seria um Super-Homem de Stanley Kubrick? Um Surfista Prateado de Ingmar Bergman? Um Mandrake de Federico Fellini? Um Homem-Aranha de Woody Allen? Uma Mulher-Maravilha de Dorothy Azner? Um Dr. Estranho de Roman Polanski? Um...

Este texto foi publicado originalmente no site Omelete como parte de um especial sobre os 65 anos da transmissão radiofônica de A guerra dos mundos. Republiquei aqui para atualizar a efeméride para os 70 anos e porque descobri no Youtube dois vídeos que simulam trailers do batfilme dirigido por Welles. A primeira parte pode ser vista aqui e a segunda neste endereço.


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